sexta-feira, 29 de abril de 2011

Fundação do Blues (entrevista com o diretor da bluesfoudation)

Fundação de Blues americana promove a música e defende gênero da extinção

Fundada em 1980, em Memphis, a Blues Foundation nasceu para ajudar, promover e manter acesa a chama do gênero, que desde aquela década já passava pela UTI da música.


Em uma fundação bem organizada. Trabalha com os conceitos de aprendizagem do blues, com Blues School e com a divulgação de artistas novos no mercado. São mais de 3500 membros individuais além de 185 outras organizações locais de blues também afiliadas.

Outro fator relevante que a organização mantém viva é uma porção importante da história americana. É inimaginável desvincular a história dos estados unidenses do blues. 
 


Em entrevista exclusiva para o seu humilde blog de blues, meu caro leitor, um dos diretores da Blues Foundation, Jay Seieleman conta um pouco sobre a fundação e o blues. A entrevista está em inglês, mas da para entender o que o nosso amigo quis dizer.

1) When the Foundation was created,was it because the blues needs a foundation. Why does the blues needs a foundation?

I think the for-profit music industry did not service the blues fan community sufficiently so the fans took matters into their own hands. They could not find the LPs, the concerts, the stories, the awards programs, etc. so they formed their own local blues societies and a national blues foundation. The fans and musicians and others filled a gap that was not being met.

2) How to support a foundation like the Blues foundation? ( I am talking about money.)

The first thing is to become a member at whatever dollar level you can afford. But be a member!! Other ways are to buy merchandise, tickets, advertising and participate in silent auctions. People can make donations to the HART Fund and to Generations Blues directly and 100% goes to the purposes of these funds. More about these on our website http://www.blues.org/

3) The blues foundation can change lifes?

The HART Fund can pay for lifesaving or life-changin medical care; Generation Blues can send a young musician to summer camp; winning the IBC or BMA can change your career path.

4) What is blues for you?

Most importantly it is good music and fun. Listening to good blues music makes me happy, lifts my spirits.

5) BB King said here in Brazil that people don’t pay attention in the blues anymore, people doesn't care about the blues anymore. It's true?

I think blues music goes up and down in popularity, but it was never pop music enjoyed by the masses. It was always a niche music, but it is a niche music that has influenced so many musicians and kinds of music. Blues is something that is savored by people with discerning tastes. Blues will be around forever like Beethoven or Bach.

6) The American people recognize like a important piece of the American history?

The average person does not recognize this but the average person does not know history, does not know music history or does not know African-American history. For people who do know history, there is little debate about the importance and role of blues music in American history. It is very important.
7) How to keep the blues alive?
Play it, buy it, listen to it, see and hear it live, talk about it, write about it, share it, promote it, turn your friends on to it, buy a bluesman lunch, draw it, paint it and on and on

8) I am a brazilian, 21 years old. I had a opportunity to listen blues because of the internet. Do you think that is possible people around the world know about the blues easier today?

Absolutely, blues fans no matter where they live can get together on websites, blogs, facebook, twitter, chat rooms, internet radio and communicate with each other by e-mail as we are doing?

9) What do you think about the music today?

There is always the classics of blues whether it is Son House or Muddy Waters, and then Buddy Guy and Taj Mahal, but there is also younger acts like Eden Brent, Lightnin’ Malcom and Cedric Burnside, Nick Moss, Kilborn Alley Blues Band, Dave Gross, Trampled Under Foot, Homemade Jamz Blues Band and North Mississippi All-Stars and on and on.

10) What is the main bluesman today for you?

Many, many—Elvin Bishop, Taj Mahal, Magic Slim & the Teardrops, Rick Estrin & the Nightcats, John Hammond, Eric Bibb, Tad Robinson.

11) Do you know some brazilian bluesmen? Several of them already played with the american bluesmen like BB King.

I have heard of Nuno Midelis and Igor Prado

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Nuno Mindelis entrevista

Um dos maiores bluesman da atualidade é Angolano e mora no Brasil. Já tocou com a Double Trouble e esperara gravar com Clapton. Nuno Mindelis tem prestígio internacional devido a sua competência na hora de empunhar sua guitarra e gravar discos de qualidade indiscutível. O nosso angolano-brasileiro concedeu uma entrevista para esse humilde blog de blues. Leiam e conheçam um pouco mais de Nuno.


1)Você é angolano, passou pelo Canadá e hoje está aqui no Brasil. Por que o Brasil e em que essas mudanças de ambientes culturais e físicos influenciaram sua música?


 Eu tinha 17 anos, a saída  de Angola deveu-se a guerra, eu tinha ido para o Canadá , a família tinha dispersado, fiquei um ano sem ver o meu pai, quando soube que ele finalmente estava no Brasil de forma definitiva, vim reencontrá-lo e fiquei. Em termos de influências, o contato com a cultura de diversos lugares de forma mais permanente, como foi o meu caso, sempre influi na sua personalidade artística. Especialmente num ambiente de riqueza cultural tão intensa como o Brasil. Não saberia dizer no que exatamente isso influenciou, em termos de formato final, mas influenciou. 


2)Sob sua óptica, o que é blues para você? Dá onde vem o eu criador do Nuno Mindelis? Quais as suas fontes de inspirações e influências?


O blues é algo mais do que um gênero, eu diria. Há nele uma mágica que, se recebida em cheio no começo da vida, no berço, acaba por carimbar você para sempre. Como o samba do morro para quem nasce nele, podemos dizer. As minhas inspirações sempre foram as mais prosaicas, amor, coração partido, pessoas , experiências pessoais. Do ponto de vista instrumental, é um amalgama de tudo o que ouvi, especialmente na idade mais crucial para influências. Entre os 12 e os 17 anos, eu ouvi (obsessiva e literalmente) toda a música que rolava no planeta. De erudito  a Hendrix, de Willie Dixon e Skip James a Black Sabbath e Creedence Clearwater, de Woodstock a John Coltrane e Miles Davis, tudo ! 


3) O blues é sua marca principal e sendo um bluesman o que você acha que vai acontecer com esse gênero no séc XXI?
      Grande ícones desaparecerão , outros os sucederão.  T.Bone Walker foi, B.B.King apareceu. Muddy Waters morreu,mas Buddy Guy apareceu. Hendrix morreu , mas SRV apareceu. SRV morreu, John Mayer apareceu. É sempre assim. No entanto, a forma do blues mudará .( como já mudou um pouco) . Nunca mais será como no começo , os pioneiros trabalhavam em plantações de algodão, as condições de pobreza , o racismo,  as crenças, tudo aquilo influenciava a sua música, era desse contexto único que ela surgia. Eles não aprendiam em discos, aprendiam uns com os outros, aprendiam com a própria vida, com as suas alegrias e as suas privações. Era gutural, orgânico.  Os filhos desses pioneiros aprenderam música em LPs e Cds e, agora, os netos desses pioneiros aprendem blues em Blue Rays, ou na Internet. A forma mudará sempre. Espero que a magia venha a ser a mesma. Isso, só tempo dirá, acredito.

4) Estamos na era da informação digital. Eu por exemplo, tenho 21 anos e conheci tudo de blues pela internet e só por meio dela que posso entrevistá-lo. Você acha que a internet pode ajudar o blues a conseguir novos fâs?

A Internet pode ajudar tudo (não só o blues) a conseguir novos fans. Como músico, experimento isso todo o dia. Hoje mesmo alguém me escreveu da Grécia se declarando fan, porque conheceu a minha música numa rádio online nos EUA. Mas atenção, as mídias tradicionais  é que ainda fazem o seu trabalho ser conhecido . Há um monte de anônimos na Internet, mas quem está nas rádios e televisões não é anônimo. E são essas mídias tradicionais também que (ainda)  avisam (e tornam conhecidos) os que revolucionam na Internet , com milhões de acessos etc. 
5) Comercialmente você acredita que o gênero ainda pode dar retorno a toda a cadeia de produção da industria da música?


Se excluirmos a questão da gravação (que nunca mais vai dar o retorno que já deu na época do LP e do CD) poderá haver um revival  em termos de show business e um retorno comercial advindo de shows, mas o blues precisa se reinventar para que isso aconteça. Os novos artistas precisam  flertar com gêneros mais novos, precisam revestir-lo de contemporaneidade e deixar um pouco de lado aquela desgastada linguagem sessentista. Não se reescrevem poemas, não há sentido em copiar John Lee Hooker igualzinho, hoje.  Se repararmos, a indústria milionária do show business assentou totalmente em blues dos anos 60 até bem pouco tempo atrás. Foram tipo quarenta anos de blues no top das paradas. E isso aconteceu porque uns jovens malucos como Clapton, Stones, Hendrix, Zeppelin etc. reinventaram o blues do Delta e de Chicago lá atrás, adicionando-lhe elementos novos, como eletricidade , psicodelia e rock and roll. Embora não seja provável um novo boom, não é impossível. Mas, repito, só se o blues se reinventar, como os malucos fizeram lá atrás. 

6) Todos enxergam o blues de forma tradicionalista. Um homem sentado com sua guitarra arranhando licks e solos com aquela simples progressão de acordes. O blues é só isso ou ainda podemos atingir nova semântica para o blues?
Não é fácil prever isso. Acredito que se possa atingir uma nova semântica , o truque é como combinar isso sem perder a magia, que é absolutamente fundamental . Como no Jazz tradicional, há uma magia que o chamado "Jazz contemporâneo" parece não ter conseguido preservar. Posso estar enganado, mas é o que me parece.  Por outro lado, quanto mais o blues se afasta dos três ou quatro acordes, mais frio se vai tornando, mais em outra coisa se vai transformando. Pode ser até coisa boa, mas é outra coisa. Robben Ford é um exemplo, (Jazz?)  Robert Cray é outro, (Soul?) l, John Spencer outro, (punk-rock-blues?)  A melhor experiência para mim,  é a de R.L.Burnise, que combina elementos do Rap, do Lounge, eletronica, sem perder a magia. 

7) A respeito da guitarra. Muitos guitarristas jovens são adeptos da famigerada “fritação” e “toque o mais rápido que puder”. O que você acha disso? O blues sempre será referência para estudantes do instrumento?


Aparentemente o blues será por muito tempo (junto com o rock e algum Jazz ) a referência para estudantes de guitarra. Sobre a fritura, todo o mundo começa fritando, isso é bem coisa de jovem. O importante é que a melodia e o raciocínio não sejam excluídos. É preciso achar a dosagem perfeita entre a técnica e a melodia, entre a conversa agitada e a conversa ponderada, entre o fútil e o essencial. Vai uma dica: para sair tocando rápido, é fundamental que se aprenda primeiro a mesma coisa devagar . Não adianta tentar fritar na fase de aprendizado. Agora, tem o pessoal que não sabe tocar e fica criticando os que (sabem e) tocam rápido, como se tocar rápido fosse um crime. Se fosse assim, não haveria Oscar Peterson nem Paco de Lucia. 


8) Como foi trabalhar com a lendária Double Trouble? 
Foi uma experiência muito enriquecedora. Uma lembrança recorrente é a de como o Tommy e o Chris permanentemente me assessoraram em todos os sentidos. Em produções, é bem comum surgirem dúvidas sobre arranjos no meio dos processos, especialmente em trabalhos feitos em tempo record (foi o caso, Texas Bound foi gravado e mixado em três dias). São processos que requerem uma leitura em perspectiva e você não tem tempo para ela. Nessa hora é que você percebe a diferença entre profissionais de peso e  outros. Além disso, são amigos até hoje, devo gravar com eles se tudo der certo , o meu próximo disco. Estou trabalhando em captar recursos para isso agora, inclusive. 


9) Você mesmo sendo um reconhecido bluesman também caminhou por outros gêneros. O disco Outros Nunos é um grande disco que realmente apresenta outros Nunos.  O que você fez nesse disco pode ser considerado ainda blues, mas de uma óptica diferente? Como você criou a linguagem desse trabalho?

Obrigado pela introdução sobre Outros Nunos. A idéia ali foi "desabafar" um outro lado que me acompanha desde muito cedo, o poético-literário, digamos, a composição e tal. Do ponto de vista musical, fazer a buscada "contemporaneização" da linguagem, pela adição de Hip Hop, lounge etc. Como a matéria prima que move todas as minhas ações é o blues (independentemente do formato final, quer dizer, mesmo se faço samba, é o blues que está fazendo ) acabou nisso que você ouviu. 


10) Como foi o processo produtivo do seu último disco, Free Blues? O que representa para você as releituras que fez nesse trabalho?


As maiores observações sobre o processo produtivo de Free Blues foram a solidão com que foi feito e a ideia de justamente oxigenar a linguagem do gênero. Aquele papo de tentar uma nova semântica sem perder a magia. Eu me tranquei literalmente por uns três anos, sozinho, fazendo aquilo tudo. Depois de pronto, chamei uns amigos para dobrar uma bateria ou outra, (sobre a eletrônica ou sampleada) e um baixo ou outro. À exceção de "Think Stax, Jax !" que criei para o disco lá pelo meio do processo, as outras músicas são as que ouvia quando era adolescente, e que me marcaram bastante. Dave Mason, Junior Wells, George Harrison, Rory Gallagher, etc. 


11) Para encerrar. O que o Nuno ainda tem vontade de fazer nos discos?

   Conseguir a participação  do Clapton num deles. rs


segunda-feira, 28 de março de 2011

Sugestão de ábuns de blues e tem link para download!

Muitos blues foram tocados em um disco que tinha duração de apenas três minutos. Uma música apenas era comercializa de cada vez. Com a evolução das plataformas de armazenamento de mídia surgiram os Lp's, Cd's e cassetes. Nesses formatos, os artista podia desenvolver uma lógica para cada álbum lançado. Nesta lista apresento alguns discos que considero muito importantes para quem gosta de blues. Fica como  sugestão. Sempre que puder vou fazer mais sugestões para vocês. Pesquisem e ouçam!

 Façam downloads. É SÓ CLICAR NOS LINKS!


From the Cradle, Eric Clapton (94)
http://thepiratebay.org/torrent/3939442/Eric_Clapton_-_From_the_Cradle


Completely Well, BB King (69)
www.torrentdownloads.net/b/B+B++King+Completely+Well


Couldn't Stand the Weather, Stevie Ray Vaughan (84)
thepiratebay.org/torrent/3355053/Stevie_Ray_Vaughan_-_Couldn_t_stand_the_weathe


A Man and the Blues, Buddy Guy (68)
www.4shared.com/audio/ihllICgh/Buddy_Guy_-_A_Man_and_the_Blue.htm

Born Under a Bad Sign, Albert King (67)
www.torrentdownloads.net/torrent/1650875200/Albert+King+Born+under+a+bad+sign

quarta-feira, 16 de março de 2011

O mago da guitarra elétrica

T-Bone Walker foi a tempestade elétrica do blues na década de 30 e 40. Sua “energia” fez o mundo do blues sacudir e ganhar volume sonoro

A música negra americana nascida no delta começou com instrumentos rústicos e feitos artesanalmente. A medida que o desenvolvimento tecnológico foi aflorando, a qualidade sonora dos instrumentos aumentaram. Quando a música passou a ser amplificada, os músicos atingiram outras fronteiras e a linguagem musical foi se transformando. O blues chegou ao rhythm and blues, que mais tarde chegou ao rock´n'roll. O objetivo desse post é apresentar uns dos primeiros bluesman que percorreram esse caminho.

T- Bone Walker nasceu em 1910 na cidade de Dallas no Texas. Desde criança tinha contato com a música. Dançava para a orquestra de cordas do padrasto. Com 12 anos ganhou um banjo da mãe. Para ganhar algum dinheiro foi ser guia de cego, e um cego famoso, Blind Lemon Jefferson. Com o bluesman cego aprendeu muito. Com 16 anos já havia gravado 2 discos. Acompanhou Ida Cox e Ma Rainey, duas grandes cantoras do blues da época.

Em 1936 foi parar em Oklahoma para aprender mais sobre música. Foi lá que desenvolveu sua técnica, aprendeu a falar a língua da guitarra. No mesmo ano foi para dos lugares onde já existiam bastante negros. Em Los Angeles, Walker encontrou uma grande parceira. A guitarra elétrica Gibson ES 150. No final da década de 30, os instrumentos amplificados começaram a serem vendidos em maior número. A demanda por eles crescia bruscamente.

A bandas passaram a tocar mais alto e com mais instrumentos. O talento e técnica de T-Bone Walker estavam na sua capacidade de transformar o blues lento em uma mistura de boggie e jump. Um blues mais acelerado e com mais swing. Essa linguagem foi chamada de rhytm and blues e que conhecemos até hoje.

O grande sucesso de T bone foi Call it stormy monday, música que cantava sobre a situação do negro que voltou da segunda guerra depois de grande batalhas para levar uma vida de privações e anonimato. Walker serviu de influência para nomes como Little Richard, Chucky Berry BB King e Jimmi Hnendrix. Esse último o considerava um herói.

T-bone Morreu em 1975 de pneumonia. O seu cortejo foi acompanhado por um multidão, o que confirmaria sua importância para a música e para o homem negro. A voz que cantou Call it Stormy Monday continua emocionando. Tanto que Cream, Steve Ray Vaughan e Albert King já tocaram e gravaram a música.


Por que não ouvir Call It Stormy Monday?









sexta-feira, 11 de março de 2011

O bluesman dos livros

Mesmo não sendo um guitarrista,gaitista ou baixista, Paul Oliver contribuiu para que a memória do blues continue viva e pulsante no séc XXI




A proposta do blog de blues é abordar o gênero em todo seu contexto. Dentro dessa perspectiva, um post sobre uma figura importante para a música negra americana se faz necessário. O bluesman de quem eu vou contar um pouco a história não é músico. Pois o nosso personagem é um bluesman de alma. É um dos maiores historiadores do blues do mundo.


Além de historiador, Paul Oliver também é arquiteto, e dos bons. É especialista em arquitetura vernacular, ou seja, arquitetura da terra, que usa os elementos do próprio ambiente para edificar uma construção. Mais ou menos isso. Meu negocio é blues e não arquitetura. E talvez por essa ligação com a terra, nosso amigo também seja especialista no gênero.


Apesar de ter nascido na Inglaterra, mais precisamente em Nottingham em 1927, Paul Oliver tem um grande interesse na música negra americana. Seu trabalho com o blues começou na década de 50. Sua pesquisa empreendeu um grande e detalhado trabalho de campo. Percorreu a terra do blues, ouviu e entrevistou grandes músicos. O resultado foi uma bibliografia consistente. São 10 livros que abordam o blues sobre diferentes perspectivas. As obras falam sobre as tradições, raízes, personagens, gravações e tudo o que envolve a música. Sem dúvida, Paul Oliver ofereceu e oferece uma grande contribuição histórica e acadêmica ao gênero musical mais importante do ocidente no século 20. Pena que não seja fácil adquiri-los no Brasil. É preciso importá-lo, e saber inglês.


Mas quem tiver interesse:
http://www.amazon.com/s/ref=nb_sb_noss?url=search-alias%3Daps&field-keywords=paul+oliver




Bibliografia:


Oliver, Paul (1959). Bessie Smith. Cassell, London.
Oliver, Paul (1960). Blues fell this morning : the meaning of the blues. Cassell, London. ISBN 3-85445-065-6.
Oliver, Paul (1965). Conversation with the blues. Cassell, London. ISBN 3-85445-065-6.
Oliver, Paul (1968). Screening the blues : aspects of the blues tradition. Cassell, London. ISBN 0-304-93137-3.
Oliver, Paul (1969). The story of the blues. Barrie & Jenkins, London. ISBN 3-85445-092-3.
Oliver, Paul (1970). Savannah syncopators : African retentions in the blues. Studio Vista. ISBN 0-289-79828-0.
Oliver, Paul (1984). Songsters and saints : vocal traditions on race records. Cambridge Univ. Press, Cambridge. ISBN 0-521-24827-2.
Oliver, Paul (1984). Blues off the record : thirty years of blues commentary. Baton Press, Tunbridge Wells. ISBN 0-306-80321-6.
Oliver, Paul (2006). Broadcasting the Blues : Black Blues in the Segregation Era. Routledge, New York & Abingdon. ISBN 0-415-97177-2.
Oliver, Paul (2009). Barrelhouse Blues: Location Recordings and the Early Traditions of the Blues. Basic Civitas, London. ISBN 978-0-465-00881-0.


Aqui um breve pensamento de Paul Oliver sobre o blues.
"...o blues é um estado de espírito e a música que dá voz a ele.O blues é o lamento dos oprimidos,o grito de independência,a paixão dos lascivos,a raiva dos frustrados e a gargalhada do fatalista.É a agonia da indecisão,o desespero dos desempregados,a angústia dos destituídos e o humor seco do cínico.O blues é a emoção pessoal do indivíduo que encontra na música um veículo para se expressar.Mas é também uma música social:o blues pode ser diversão,pode ser música para dançar e para beber,a música de uma classe dentro de um grupo segregado.O blues pode ser a criação de artistas dentro de uma pequena comunidade étnica,seja no mais profundo Sul rural,seja nos guetos congestionados das cidades industriais.O blues é a canção casual do guitarrista na varanda do quintal,a música do pianista no bar,o sucesso do rhythm and blues tocado na jukebox.É o duelo obsceno de violeiros na feira ambulante,o show no palco de um inferninho nos arredores da cidade,o espetáculo de uma trupe itinerante, o último número de uma estrela dos discos.O blues é todas estas coisas e todas estas pessoas,a criação de artistas famosos com muitas gravações e a inspiração de um homem conhecido apenas por sua comunidade,talvez conhecido apenas por si mesmo".
Entenderam porque ele também é um bluesman? É preciso entender que não é só músicos que um gênero é feito. O público, historiadores e produtores também de extrema relevância. Qualquer um que contribua para que a cultura blues seja ouvida ou absorvida deve ser chamado de bluesman, na minha singela opinião.


Obrigado Paulo Oliver!


quinta-feira, 10 de março de 2011

Programa Delta Blues (Charley Patton)

Ouça também na Elo Fm http://www.elofm.com.br/deltablues

Produção e apresentação: Guilherme Reis
Trasmissão: segunda-feira (11h).
Reprise: terça-feira (15h), quarta-feira (8h e 16h), quinta-feira (10h e 20h), sexta-feira (14h e 22h), sábado (9h e 17h), domingo (7h e 12h)
 

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O homem da colher cheia

Willie Dixon foi um dos grandes da história do blues. Mas não se resumia apenas a tocar. Era produtor, caçador de talentos e trilheiro.




Ele não era um grande guitarrista e muito menos um bom cantor, mas sua habilidade bluesística lhe trouxe fortuna e reconhecimento. Willie Dixon nasceu em 1915, na cidade de Vicksburg no Mississipi, onde o nosso amigo teve o primeiro contato com a música. Foi correndo atrás do caminhão da banda do pianista Little Brother Montgomery que Willie germinava sua semente musical. Sua mãe era ligada a igreja, compunha poemas religiosos e se dava bem com a palavra. Na casa sagrada, o bluesman aprendeu música gospel.


Não era um grande instrumentista, mas a influência da mãe o fazia ter facilidade com a caneta e papel. Passou a escrever poemas também. Quando tinha 21 anos resolveu fazer o caminho de vários negros do interior: ir a Chicago para ganhar a vida. Willie tinha outro talento que aprimorou na nova cidade. O boxe. Em 1937 chegou a ser campeão do estado de Illinois. Divergências com o empresário fizeram as coisas voltarem para o curso natural. Um amigo com quem treinava o fez entrar de vez no mundo da música.


Os punhos que soltavam cruzados e diretos agora tocavam baixo. Willie tinha grande capacidade de fazer o público ouvir o que precisava. Ajudou imensamente a Chess, a gravadora da época, a ganhar dinheiro. Foi o principal produtor do blues daqueles anos. Compunha e tocava para grandes estrelas como: Myddy Water e Howling Wolf. Suas músicas também foram regravadas por monstros do rock. Little Red Rooster por Rolling Stones, I can quit you Baby por Led Zeppelin e Spoonfull por Cream, a banda de Eric Clapton. Que aperfeiçoou a versão de Howling Wolf.


O talento como produtor o fez se aproximar até de Hollywood. Fez trilhas para A cor do Dinheiro e La Bamba. Com certeza se tornou um dos bluesmen mais bem sucedidos comercialmente e financeiramente. As injustiças que sofreu no início do século por ser negro desencadearam Willie a criar a Blues Heaven Foundation. Uma organização sem fins lucrativos que buscava ajudar talentos e manter a memória do gênero viva. Uma curiosidade é que Willie ganhou Royalities pagos pelo Led Zeppelin. A banda inglesa plagiou a música You need Love, que você deve conhecer como Whole Lotta Love.


São poucas palavras pelo que Willie fez. Além de um músico natural, também era uma grande pessoa. Durante a segunda guerra mundial se recusou a lutar. Foi até julgado. Não achava certo ter que lutar por um país que o recriminava. Sabia quem era e o queria. Esse foi Willie Dixon, uma das mais talentosas e nobres almas do blues, que descansou em 1992, vítima de um ataque cardíaco. O coração parou, a música não.


Ouça I can't quit you baby


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Entrevista Exclusiva com Gustavo Andrade da banda Gustavo Andrade and the Hotspot Blues Band

Uma das primeiras bandas de Blues de Minas Gerais está no seu blog de Blues. Quem teve a oportunidade de vê-los ou ouvi-los sabe que o blues mineiro não deixa a desejar, muito pelo contrário. Gustavo Andrade and the Hotspot Blues provam que blues é bom em qualquer lugar.
Entrevista cedida ao Blues em Clarksdale, na integra.

1) Quando começou a se envolver com o blues e por que?

O blues sempre esteve presente na minha vida. Sem perceber, escutamos o blues através do rock, do jazz, do soul e de ritmos latinos. O blues como raiz desses e de muitos outros estilos está mais presente em nossas vidas do que imaginamos. Descobri a minha paixão pelo blues através de bandas de rock como Led Zeppelin, Rolling Stones, Eric Clapton e Jimi Hendrix Experience, que começaram a carreira fazendo releituras de blues e tinham em sua musica a nítida influencia de mestres como Robert Johnson, Howlin' Wolf, Muddy Waters, Willie Dixon, Freddie King, BB King entre outros. O blues é repleto de histórias e de exímios músicos, ele anda lado a lado com a história de vida da civilização americana a partir do século 19. Daí em diante nada mais justo do que fazer uma grande pesquisa ao passado e aos compositores de blues, é o que faço desde os 15 anos de idade e ainda não parei pois sempre terá o que descobrir, isso é o mais fascinante no blues.

2) Você deve ter um grande bluesman como ídolo. Em quem você se espelha?

Não é fácil citar só um artista de blues, pois cada um tem sua peculiaridade, seu estilo. O blues é repleto de sub-estilos: "Shuffle", "West-Coast", "Eletric-Blues", "Blues-Soul", "Surf-Blues", "Blues-Rock", "Boogie-Woogie", "Rock n Roll", "Blues-Jazz", "Latin-Blues", adoro todos esses estilos e tento agregar todos esses estilos à minha música. Meu estilo predileto é o Blues-Soul, curto muito a fase anos 60/70 do blues, Freddie King, Albert King, BB King e Bill Withers são meus favoritos. Mas tento escutar de tudo um pouco, quanto mais boas informações musicais, melhor para o músico. Como brasileiro também gosto muito de ritmos afro-latinos, esse é um forte diferencial no meu blues.

3) Sabemos que vida de músico é dureza. Você consegue viver só de blues?

Além de músico sou bacharel em Administração e tenho MBA em Marketing, Já trabalhei em grandes empresas e hoje coordeno uma cadeia de lojas, mas acredito que quem é bom no que faz consegue viver bem com o que for que seja. Penso que muitas vezes as pessoas não tem noção do que é tocar bem e realizar um trabalho realmente bom e profissional, aí acabam caindo nessa conversa de que música é dificil e não dá grana. A verdade é que voce tem que ser bom, estudar, pesquisar, se destacar e saber investir como em qualquer outra profissão. Lógico que trabalhar por conta própria e com arte não é fácil, mas já tive época que vivia só de blues sem muitos problemas. Hoje em dia as pessoas fazem dez coisas ao mesmo tempo, faz até bem pra musica voce ter outras fontes de renda, até pra poder investir mais na sua carreira musical.

4) Belo Horizonte tem uma cena relevante de blues? O que precisamos para difundi-la?

Sim, Belo Horizonte está cada vez mais inserida na cena do blues nacional. Em meados dos anos 90 existiam apenas uma meia dúzia de bandas em atividade. Na virada do século as bandas mais atuantes eram apenas a Nasty Blues e a Hot Spot. Nos dias de hoje eu já perdi a conta de quantas bandas surgiram e muitas outras que não são especificamente de blues mas que já conhecem a importância do blues para se tocar um bom rock, um bom jazz, um bom soul. Tenho muito orgulho de poder contribuir com essa evolução e divulgação do blues em Minas e de ser a primeira banda de blues de BH a ter um trabalho lançado em todo Brasil por uma gravadora, a Blues Time Records, a maior gravadora de blues do país.

Para difundir a cena blues de Minas precisamos de duas coisas: a profissionalização e o comprometimento dos artistas com um trabalho sério, um material consistente e cada vez melhor; e a sensibilidade de jornalistas como você, que dão a devida importância e o espaço na mídia, à essa que é uma das mais legítimas expressões de arte da humanidade, o blues.

5) A indústria fonográfica perdeu força devido ao boom da internet. Quais são os pontos negativos e positivos dessa nova forma de exposição?

A roda da economia está sempre em movimento e junto às novas tecnologias devemos estar sempre preparados para esse tipo de mudança. Não precisa ser um "expert" em marketing para saber que qualquer produto ou serviço tem seu começo, meio e fim. Penso que as gravadoras não estavam preparadas para essa virada de século, isso afetou as vendas e muitas quebraram com a troca de midia gratis via internet. Certamente, para as gravadoras não foi tão bom esse "boom", mas para a maioria de novos artistas e bandas independentes a facilidade de divulgação aumentou, isso já está mais que comprovado. Para os artistas de grandes gravadoras acho que não mudou muita coisa, porque a grana de vendagem de produtos eles quase não viam. O que vale mesmo estar em uma gravadora é a divulgação e a exposição na mídia. Acho meio forte dizer que a internet afetou a "indústria fonográfica", porque um dos maiores mercados do mundo continua sendo o de entretenimento. As gravadoras foram pressionadas a se reinventarem e colocar as aulas de marketing em prática, diversificar e assim recuperar o seu mercado. Isso faz bem para o mercado e sempre vai acontecer. E indiscutivelmente, para quem ainda quer ter um produto de qualidade, a melhor opção é comprar um produto original do artista.

6) Em um dos meus posts nesse blog comentei sobre a decaída do gênero no que diz respeito a comercialização do blues e o seu público, que já foi bem maior. Até BB King admitiu que as pessoas não querem mais saber de blues. O que você acha disso?

Sim, isso é mais que natural, tudo que é novidade tem um tempo de exposição maior, com o blues não foi diferente. O blues nasceu pra valer nos anos 20, partindo desse ponto de vista o blues passou por várias fases mas ainda está bem vivo e conseguiu atravessar o século 20 como um dos mais importantes ritmos em todo o mundo, tá bom ou quer mais? Ok, então vai mais um pouquinho...

Pense comigo, se não houvesse o blues o que seria de Jimi Hendrix, Janis Joplin, Beatles, Rolling Stones, Elvis Presley, Eric Clapton, Joss Stone, Amy Winehouse, John Mayer, Ben Harper entre tantos outros artistas populares? São artistas de várias épocas que tem o blues como base de sua musica, você ainda acha pouco comercial?

Pra mim, o que é diferente no blues é que não podemos considerá-lo apenas como um produto que se vende mais, numa determinada época ou em outra, mas sim a importância que ele tem na musica mundial e o legado que ele nos deixa tanto como arte, como experiência de vida. Ao mesmo tempo, não há musica mais comercial que o blues em todo o mundo. BB King realmente teve altos e baixos, isso é normal, o blues tradicional realmente ainda é visto com muito preconceito por pessoas desinformadas, e isso é uma bobagem. Mas pense comigo, o que seria de BB King e vários outros descendentes de escravos se não fosse o blues como forma de expressão e trabalho? BB King não pode reclamar, ele é simplesmente o Rei, quer mais que isso? Ele ainda lota todos os shows, aonde quer que seja.

O blues está mais vivo do que nunca, prova disso são os grandes festivais que lotam todas as edições tanto no exterior (ex. :Crossroads Guitar Festival), como no Brasil (ex.: Rio Das Ostras, Guaramiranga, Moinho Da Estação). Esse papo de blues não é comercial, blues não dá grana, blues é lento demais, isso já tá mais que ultrapassado, é papo de quem não conhece nada de blues.

Temos que enobrecer o blues cada vez mais, esse ritmo sim merece nosso reconhecimento, e não esse tanto de porcaria que a indústria e a mídia querem que a gente engula a força, fazendo um rebanho cada vez maior de pessoas limitadas culturalmente.

7) Na minha opinião, o último grande monstro do blues foi Stevie Ray Vaughan. Você concorda e se não, precisamos de uma grande bandeira do gênero?

Concordo em parte. Ele foi realmente um fenômeno na guitarra, mas se não existissem músicos como Muddy Waters, Robert Johnson, Willie Dixon, Albert Collins, Albert King, Freddie King, BB King, Buddy Guy ele não seria nada. O que tem de haver nas pessoas que estão interessadas no blues é uma maior pesquisa, uma pesquisa realmente histórica. O pessoal quer conhecer blues mas só consegue chegar no SRV, no Hendrix. Blues não é só isso, blues é muito mais que só Blues-Rock ou que Rock N Roll, ou que licks de guitarra super rápidos. SRV imitava Jimi Hendrix, que plagiava os trejeitos de Buddy Guy, que foi influenciado diretamente por Muddy Waters e Howlin' Wolf, que aprendeu e excursionou com Robert Johnson. O blues está sempre se reinventando, isso é o que faz dele um ritmo muito interessante de se aprender e de se estudar. Bandeira do gênero...acho isso bobagem, precisamos de mais pessoas interessadas em aprender essa arte, mas aprender direito, não só sair imitando o SRV e achar que é o melhor do mundo por isso.

8) Como foi a produção do disco Feeling Alright, no que diz respeito ao norte musical e dificuldades para concluí-lo? Dá para perceber que o Hot Spot e o Gustavo tocam as faixas com malícia que só o blues tem e com boa qualidade técnica e sonora.Queria que vc falasse sobre os covers do disco também.

O album Feeling Alright contem apenas releituras, das quais pincelamos as melhores musicas que tocamos no show. Foi um álbum muito bacana de se fazer pois tocamos o que realmente gostamos, um blues com bastante suingue e com uma pegada bem ao nosso estilo. Nesse álbum há musicas de Bill Withers, Muddy Waters, Howlin Wolf, JJ Cale entre outros compositores importantes do cenário blues mundial. Meu próximo álbum, com previsão de lançamento para o segundo semestre de 2011, terá 10 musicas inéditas de minha autoria. Aguarde e confira!

9) Que dica você daria para quem quer montar uma banda de blues e seguir essa carreira?

Estudar, pesquisar, divulgar, conhecer ao máximo através de livros, filmes, cds, enciclopédias, internet, todo o universo do blues. Ter persistência e não ter preconceito.

Para conhecer mais:
http://hotspotgus.blogspot.com/
www.myspace.com/hotspotbluesband

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Programa Delta Blues ( Stevie Ray Vaughan) programa da Rádio Elofm

http://www.elofm.com.br/


O sopro de Sony Boy Williamson

Delta Blues Sony Boy Williamson.

Chegou o momento de falar sobre um homem que fez fama assoprando um instrumento musical bastante peculiar. Bom, o homem negro, magrela e alto de quem eu estou falando é a lenda da harmônica, Sony Boy Williamson. O primeiro Sony Boy do blues. Primeiro, porque existiram dois. Esse nasceu em 1897 em Glendora no Mississipi. Como no velho Oste, este homem andava armado com o cinto envolto no tórax. A diferença que a arma de Sony eram suas gaitas e a munição era o blues do delta. Ele começou a aparecer tocando em uma rádio de Helena no Arkansas. O programa se chamava Sonny Boys Corn Meal and King Biscuit Show. A atração ficou no ar durante 24 anos e tocava na hora do almoço.

Depois desse tempo todo, o espírito de cair na estrada tomou o nosso garoto do Mississipi. Viajou por vários lugares a fim de tocar sua harmônica. Parou na gravadora Trumpet para fazer algumas sessões de gravação. Esses foram os primeiros registros sonoros de Williamnson, que já estava com 54 anos. Não tardou e em 55 foi para na maior gravadora de blues na época, a famigerada Chess. Lá, pôde gravar o sucesso, Eyesight to the Blind e Have you ever been in Love. Suas letras apresentavam uma poesia cheia de alegorias sexuais. Como falar de uma mulher que tinha quadris hidráulicos e um ventre de ar condicionado.  Uma mulher que quando amava fazia os mortos se levantarem, os surdos ouvirem e os mudos falarem.
O uso da gaita, o fez mestre no instrumento. Espremia as notas e tocava com gaitas cruzadas. Por exemplo, usava uma gaita em lá para uma música em Mi.

Em 63 passou pela Gran Bretanha e tocou com The Animals e Yardbirds. Voltou para Helena em 64 e continuou com seu velho programa de rádio. Outra coisa que manteve foi a simplicidade. O que fazia nesse tempo era beber e tocar em bares para se divertir.

Um músico com quem Sony tocava alegou que durante as sessões, o gaitista cuspia em uma jarra e que no final da noite, ela estava cheia de sangue. Em um certo, dia 25 de maio de 65, Boy foi encontrado morto em sua cama logo pela manhã. O que ficou foi o legado do instrumento de sopro que Sony deixou para os amantes do blues.

Quem quiser sentir o poder da mulher que fazia os surdos ouvirem e os mudos falarem e só conferir.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Resenha Crítica do álbum "Clapton".

Clapton revisado e melhor

Quando Eric lançou o álbum "Clapton" em setembro desse ano, muitos fãs pensaram,"mas ele ainda faz música?" O próprio músico diminuiu o ritmo de trabalho. Não faz mais turnês mundiais e nem compõe no mesmo volume de antes. Lembrando que seu último álbum de inéditas foi Back Home, de 2005. Clapton diz na sua autobiografia não aguentar mais viagens longas e dormir em quartos de hotel. Outro fator é a família que o artista construiu e não pretende ficar distante dela.

Mesmo que ele seja um gênio da música e um dos principais guitar heroes de uma ,e que de um ícone desses não se pode duvidar, ninguém colocava mais fé em um trabalho consistente de um “aposentado”. Aos 65 anos, Eric lança um disco surpreendente. Dos álbuns de estúdio, provavelmente é um dos melhores. Chegou perto de Layla and Assorted Love Songs, de 70. É tão bom quanto Jorney Man, de 83 e tão clássico quanto From the Cradle de 94.

O próprio Clapton sabe bem qual é sua fonte principal de inspiração: o blues. Mesmo que seus álbuns não fossem tão levados ao tradicionalismo do gênero, a sua concepção passava por Mississipi e o Delta lamacento. Eric experimentou muito, como o álbum August de 86 e Pilgrim de 98. Ambos eletrônicos demais. Parecia que o musico tinha perdido o fio da meada. O disco desse ano é mais próximo do blues e o último disco que lançou do gênero foi em 2004, com o álbum de homenagem a Robert Johnson, Me and Mr Johnson.  As faixas vão de blues tradicional até pisarem no jazz mais arcaico, que em algum momento na história convergiu junto ao blues. A qualidade sonora é de primeira, excelente áudio. É possível ouvir com clareza todos os instrumentos, cuidadosamente equilibrados, diga-se de passagem. O trabalho vocal de Clapton é como sempre foi, sólido e impactante. Tudo graças a voz de barítono do musico em questão.

A idade e o período sem gravar foi importantíssimo para o incrível Slowhand. O seus álbuns de inéditas haviam se tornado irregulares e sem a identidade do músico. As canções eram distante demais uma das outras. Reptile de 2001 e Back Home de 2005 são grandes exemplos. O álbum Clapton serve de incentivo para o próprio músico seguir compondo e ter certeza de que ainda tem lenha para queimar, acabando com a história de que está aposentado. Gênios como BB King, 84 anos, Buddy Guy, 75 anos, Chucky Berry 93 , continuam na ativa. Por que Eric Clapton, que um dia foi chamado de deus, não pode? Ele volta ao trabalho com qualidade, presenteia os fãs e volta para a mídia. Essa última, já chegou a duvidar de Clapton. Em matéria do Hoje em Dia, do mês de Novembro de 2010, o jornal tratava da vinda de Jeff Beck para o Brasil. Nela, o periódico se referia a Jeff como o último guitarrista de uma linhagem fantástica de instrumentistas. Dizendo que Clapton estava aposentado e os outros, como Duane Allman, mortos. No mínimo desinformação. Como chamar alguém de aposentado sendo que no mês anterior o aposentado lançara um disco?

Especificamente falando do disco, as faixas são absolutamente competentes. Traveling Alone é um blues denso, mas moderno. Seu ritmo se matem constante e pesado. A linha de bateria é fantástica, com frases rápidas e avançadas para se unir ao blues. Rivers Runs Deep é um bluesrock colorido por slide guitar e uma atmosfera de teclado que constrói muita textura para a música. Jugdment Day, Crazy about You,e Rolling and Tumbling são blues tradicionais e conferem ao disco a maldade e malícia de Eric Clapton. Milkman, How Deep is the Ocean e When somebody Thinks you are Wonderful são alimentadas pelo jazz, graças as composição harmônica. Sem dúvida agregam ao disco carga emocional, já que falam sobre o amor.
Resumindo, o álbum Clapton reúne o que o músico aprendeu de melhor na sua carreira. As canções são coesas e é possível perceber um disco trabalhado para ser um álbum sólido. Não são canções simplesmente jogadas em uma mídia e depois vendidas. Os fãs ficarão satisfeitos com o mais um feito de Eric Clapton, o eterno Slowhand de Ripley.