terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Resenha Crítica do álbum "Clapton".

Clapton revisado e melhor

Quando Eric lançou o álbum "Clapton" em setembro desse ano, muitos fãs pensaram,"mas ele ainda faz música?" O próprio músico diminuiu o ritmo de trabalho. Não faz mais turnês mundiais e nem compõe no mesmo volume de antes. Lembrando que seu último álbum de inéditas foi Back Home, de 2005. Clapton diz na sua autobiografia não aguentar mais viagens longas e dormir em quartos de hotel. Outro fator é a família que o artista construiu e não pretende ficar distante dela.

Mesmo que ele seja um gênio da música e um dos principais guitar heroes de uma ,e que de um ícone desses não se pode duvidar, ninguém colocava mais fé em um trabalho consistente de um “aposentado”. Aos 65 anos, Eric lança um disco surpreendente. Dos álbuns de estúdio, provavelmente é um dos melhores. Chegou perto de Layla and Assorted Love Songs, de 70. É tão bom quanto Jorney Man, de 83 e tão clássico quanto From the Cradle de 94.

O próprio Clapton sabe bem qual é sua fonte principal de inspiração: o blues. Mesmo que seus álbuns não fossem tão levados ao tradicionalismo do gênero, a sua concepção passava por Mississipi e o Delta lamacento. Eric experimentou muito, como o álbum August de 86 e Pilgrim de 98. Ambos eletrônicos demais. Parecia que o musico tinha perdido o fio da meada. O disco desse ano é mais próximo do blues e o último disco que lançou do gênero foi em 2004, com o álbum de homenagem a Robert Johnson, Me and Mr Johnson.  As faixas vão de blues tradicional até pisarem no jazz mais arcaico, que em algum momento na história convergiu junto ao blues. A qualidade sonora é de primeira, excelente áudio. É possível ouvir com clareza todos os instrumentos, cuidadosamente equilibrados, diga-se de passagem. O trabalho vocal de Clapton é como sempre foi, sólido e impactante. Tudo graças a voz de barítono do musico em questão.

A idade e o período sem gravar foi importantíssimo para o incrível Slowhand. O seus álbuns de inéditas haviam se tornado irregulares e sem a identidade do músico. As canções eram distante demais uma das outras. Reptile de 2001 e Back Home de 2005 são grandes exemplos. O álbum Clapton serve de incentivo para o próprio músico seguir compondo e ter certeza de que ainda tem lenha para queimar, acabando com a história de que está aposentado. Gênios como BB King, 84 anos, Buddy Guy, 75 anos, Chucky Berry 93 , continuam na ativa. Por que Eric Clapton, que um dia foi chamado de deus, não pode? Ele volta ao trabalho com qualidade, presenteia os fãs e volta para a mídia. Essa última, já chegou a duvidar de Clapton. Em matéria do Hoje em Dia, do mês de Novembro de 2010, o jornal tratava da vinda de Jeff Beck para o Brasil. Nela, o periódico se referia a Jeff como o último guitarrista de uma linhagem fantástica de instrumentistas. Dizendo que Clapton estava aposentado e os outros, como Duane Allman, mortos. No mínimo desinformação. Como chamar alguém de aposentado sendo que no mês anterior o aposentado lançara um disco?

Especificamente falando do disco, as faixas são absolutamente competentes. Traveling Alone é um blues denso, mas moderno. Seu ritmo se matem constante e pesado. A linha de bateria é fantástica, com frases rápidas e avançadas para se unir ao blues. Rivers Runs Deep é um bluesrock colorido por slide guitar e uma atmosfera de teclado que constrói muita textura para a música. Jugdment Day, Crazy about You,e Rolling and Tumbling são blues tradicionais e conferem ao disco a maldade e malícia de Eric Clapton. Milkman, How Deep is the Ocean e When somebody Thinks you are Wonderful são alimentadas pelo jazz, graças as composição harmônica. Sem dúvida agregam ao disco carga emocional, já que falam sobre o amor.
Resumindo, o álbum Clapton reúne o que o músico aprendeu de melhor na sua carreira. As canções são coesas e é possível perceber um disco trabalhado para ser um álbum sólido. Não são canções simplesmente jogadas em uma mídia e depois vendidas. Os fãs ficarão satisfeitos com o mais um feito de Eric Clapton, o eterno Slowhand de Ripley.

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