Muitos blues foram tocados em um disco que tinha duração de apenas três minutos. Uma música apenas era comercializa de cada vez. Com a evolução das plataformas de armazenamento de mídia surgiram os Lp's, Cd's e cassetes. Nesses formatos, os artista podia desenvolver uma lógica para cada álbum lançado. Nesta lista apresento alguns discos que considero muito importantes para quem gosta de blues. Fica como sugestão. Sempre que puder vou fazer mais sugestões para vocês. Pesquisem e ouçam!
T-Bone Walker foi a tempestade elétrica do blues na década de 30 e 40. Sua “energia” fez o mundo do blues sacudir e ganhar volume sonoro
A música negra americana nascida no delta começou com instrumentos rústicos e feitos artesanalmente. A medida que o desenvolvimento tecnológico foi aflorando, a qualidade sonora dos instrumentos aumentaram. Quando a música passou a ser amplificada, os músicos atingiram outras fronteiras e a linguagem musical foi se transformando. O blues chegou ao rhythm and blues, que mais tarde chegou ao rock´n'roll. O objetivo desse post é apresentar uns dos primeiros bluesman que percorreram esse caminho.
T- Bone Walker nasceu em 1910 na cidade de Dallas no Texas. Desde criança tinha contato com a música. Dançava para a orquestra de cordas do padrasto. Com 12 anos ganhou um banjo da mãe. Para ganhar algum dinheiro foi ser guia de cego, e um cego famoso, Blind Lemon Jefferson. Com o bluesman cego aprendeu muito. Com 16 anos já havia gravado 2 discos. Acompanhou Ida Cox e Ma Rainey, duas grandes cantoras do blues da época.
Em 1936 foi parar em Oklahoma para aprender mais sobre música. Foi lá que desenvolveu sua técnica, aprendeu a falar a língua da guitarra. No mesmo ano foi para dos lugares onde já existiam bastante negros. Em Los Angeles, Walker encontrou uma grande parceira. A guitarra elétrica Gibson ES 150. No final da década de 30, os instrumentos amplificados começaram a serem vendidos em maior número. A demanda por eles crescia bruscamente.
A bandas passaram a tocar mais alto e com mais instrumentos. O talento e técnica de T-Bone Walker estavam na sua capacidade de transformar o blues lento em uma mistura de boggie e jump. Um blues mais acelerado e com mais swing. Essa linguagem foi chamada de rhytm and blues e que conhecemos até hoje.
O grande sucesso de T bone foi Call it stormy monday, música que cantava sobre a situação do negro que voltou da segunda guerra depois de grande batalhas para levar uma vida de privações e anonimato. Walker serviu de influência para nomes como Little Richard, Chucky Berry BB King e Jimmi Hnendrix. Esse último o considerava um herói.
T-bone Morreu em 1975 de pneumonia.O seu cortejo foi acompanhado por um multidão, o que confirmaria sua importância para a música e para o homem negro. A voz que cantou Call it Stormy Monday continua emocionando.Tanto que Cream, Steve Ray Vaughan e Albert King já tocaram e gravaram a música.
Mesmo não sendo um guitarrista,gaitista ou baixista, Paul Oliver contribuiu para que a memória do blues continue viva e pulsante no séc XXI
A proposta do blog de blues é abordar o gênero em todo seu contexto. Dentro dessa perspectiva, um post sobre uma figura importante para a música negra americana se faz necessário. O bluesman de quem eu vou contar um pouco a história não é músico. Pois o nosso personagem é um bluesman de alma. É um dos maiores historiadores do blues do mundo.
Além de historiador, Paul Oliver também é arquiteto, e dos bons. É especialista em arquitetura vernacular, ou seja, arquitetura da terra, que usa os elementos do próprio ambiente para edificar uma construção. Mais ou menos isso. Meu negocio é blues e não arquitetura. E talvez por essa ligação com a terra, nosso amigo também seja especialista no gênero.
Apesar de ter nascido na Inglaterra, mais precisamente em Nottingham em 1927, Paul Oliver tem um grande interesse na música negra americana. Seu trabalho com o blues começou na década de 50. Sua pesquisa empreendeu um grande e detalhado trabalho de campo. Percorreu a terra do blues, ouviu e entrevistou grandes músicos. O resultado foi uma bibliografia consistente. São 10 livros que abordam o blues sobre diferentes perspectivas. As obras falam sobre as tradições, raízes, personagens, gravações e tudo o que envolve a música. Sem dúvida, Paul Oliver ofereceu e oferece uma grande contribuição histórica e acadêmica ao gênero musical mais importante do ocidente no século 20. Pena que não seja fácil adquiri-los no Brasil. É preciso importá-lo, e saber inglês.
Mas quem tiver interesse: http://www.amazon.com/s/ref=nb_sb_noss?url=search-alias%3Daps&field-keywords=paul+oliver
Bibliografia:
Oliver, Paul (1959). Bessie Smith. Cassell, London. Oliver, Paul (1960). Blues fell this morning : the meaning of the blues. Cassell, London. ISBN 3-85445-065-6. Oliver, Paul (1965). Conversation with the blues. Cassell, London. ISBN 3-85445-065-6. Oliver, Paul (1968). Screening the blues : aspects of the blues tradition. Cassell, London. ISBN 0-304-93137-3. Oliver, Paul (1969). The story of the blues. Barrie & Jenkins, London. ISBN 3-85445-092-3. Oliver, Paul (1970). Savannah syncopators : African retentions in the blues. Studio Vista. ISBN 0-289-79828-0. Oliver, Paul (1984). Songsters and saints : vocal traditions on race records. Cambridge Univ. Press, Cambridge. ISBN 0-521-24827-2. Oliver, Paul (1984). Blues off the record : thirty years of blues commentary. Baton Press, Tunbridge Wells. ISBN 0-306-80321-6. Oliver, Paul (2006). Broadcasting the Blues : Black Blues in the Segregation Era. Routledge, New York & Abingdon. ISBN 0-415-97177-2. Oliver, Paul (2009). Barrelhouse Blues: Location Recordings and the Early Traditions of the Blues. Basic Civitas, London. ISBN 978-0-465-00881-0.
Aqui um breve pensamento de Paul Oliver sobre o blues. "...o blues é um estado de espírito e a música que dá voz a ele.O blues é o lamento dos oprimidos,o grito de independência,a paixão dos lascivos,a raiva dos frustrados e a gargalhada do fatalista.É a agonia da indecisão,o desespero dos desempregados,a angústia dos destituídos e o humor seco do cínico.O blues é a emoção pessoal do indivíduo que encontra na música um veículo para se expressar.Mas é também uma música social:o blues pode ser diversão,pode ser música para dançar e para beber,a música de uma classe dentro de um grupo segregado.O blues pode ser a criação de artistas dentro de uma pequena comunidade étnica,seja no mais profundo Sul rural,seja nos guetos congestionados das cidades industriais.O blues é a canção casual do guitarrista na varanda do quintal,a música do pianista no bar,o sucesso do rhythm and blues tocado na jukebox.É o duelo obsceno de violeiros na feira ambulante,o show no palco de um inferninho nos arredores da cidade,o espetáculo de uma trupe itinerante, o último número de uma estrela dos discos.O blues é todas estas coisas e todas estas pessoas,a criação de artistas famosos com muitas gravações e a inspiração de um homem conhecido apenas por sua comunidade,talvez conhecido apenas por si mesmo". Entenderam porque ele também é um bluesman? É preciso entender que não é só músicos que um gênero é feito. O público, historiadores e produtores também de extrema relevância. Qualquer um que contribua para que a cultura blues seja ouvida ou absorvida deve ser chamado de bluesman, na minha singela opinião.