sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O homem da colher cheia

Willie Dixon foi um dos grandes da história do blues. Mas não se resumia apenas a tocar. Era produtor, caçador de talentos e trilheiro.




Ele não era um grande guitarrista e muito menos um bom cantor, mas sua habilidade bluesística lhe trouxe fortuna e reconhecimento. Willie Dixon nasceu em 1915, na cidade de Vicksburg no Mississipi, onde o nosso amigo teve o primeiro contato com a música. Foi correndo atrás do caminhão da banda do pianista Little Brother Montgomery que Willie germinava sua semente musical. Sua mãe era ligada a igreja, compunha poemas religiosos e se dava bem com a palavra. Na casa sagrada, o bluesman aprendeu música gospel.


Não era um grande instrumentista, mas a influência da mãe o fazia ter facilidade com a caneta e papel. Passou a escrever poemas também. Quando tinha 21 anos resolveu fazer o caminho de vários negros do interior: ir a Chicago para ganhar a vida. Willie tinha outro talento que aprimorou na nova cidade. O boxe. Em 1937 chegou a ser campeão do estado de Illinois. Divergências com o empresário fizeram as coisas voltarem para o curso natural. Um amigo com quem treinava o fez entrar de vez no mundo da música.


Os punhos que soltavam cruzados e diretos agora tocavam baixo. Willie tinha grande capacidade de fazer o público ouvir o que precisava. Ajudou imensamente a Chess, a gravadora da época, a ganhar dinheiro. Foi o principal produtor do blues daqueles anos. Compunha e tocava para grandes estrelas como: Myddy Water e Howling Wolf. Suas músicas também foram regravadas por monstros do rock. Little Red Rooster por Rolling Stones, I can quit you Baby por Led Zeppelin e Spoonfull por Cream, a banda de Eric Clapton. Que aperfeiçoou a versão de Howling Wolf.


O talento como produtor o fez se aproximar até de Hollywood. Fez trilhas para A cor do Dinheiro e La Bamba. Com certeza se tornou um dos bluesmen mais bem sucedidos comercialmente e financeiramente. As injustiças que sofreu no início do século por ser negro desencadearam Willie a criar a Blues Heaven Foundation. Uma organização sem fins lucrativos que buscava ajudar talentos e manter a memória do gênero viva. Uma curiosidade é que Willie ganhou Royalities pagos pelo Led Zeppelin. A banda inglesa plagiou a música You need Love, que você deve conhecer como Whole Lotta Love.


São poucas palavras pelo que Willie fez. Além de um músico natural, também era uma grande pessoa. Durante a segunda guerra mundial se recusou a lutar. Foi até julgado. Não achava certo ter que lutar por um país que o recriminava. Sabia quem era e o queria. Esse foi Willie Dixon, uma das mais talentosas e nobres almas do blues, que descansou em 1992, vítima de um ataque cardíaco. O coração parou, a música não.


Ouça I can't quit you baby


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Entrevista Exclusiva com Gustavo Andrade da banda Gustavo Andrade and the Hotspot Blues Band

Uma das primeiras bandas de Blues de Minas Gerais está no seu blog de Blues. Quem teve a oportunidade de vê-los ou ouvi-los sabe que o blues mineiro não deixa a desejar, muito pelo contrário. Gustavo Andrade and the Hotspot Blues provam que blues é bom em qualquer lugar.
Entrevista cedida ao Blues em Clarksdale, na integra.

1) Quando começou a se envolver com o blues e por que?

O blues sempre esteve presente na minha vida. Sem perceber, escutamos o blues através do rock, do jazz, do soul e de ritmos latinos. O blues como raiz desses e de muitos outros estilos está mais presente em nossas vidas do que imaginamos. Descobri a minha paixão pelo blues através de bandas de rock como Led Zeppelin, Rolling Stones, Eric Clapton e Jimi Hendrix Experience, que começaram a carreira fazendo releituras de blues e tinham em sua musica a nítida influencia de mestres como Robert Johnson, Howlin' Wolf, Muddy Waters, Willie Dixon, Freddie King, BB King entre outros. O blues é repleto de histórias e de exímios músicos, ele anda lado a lado com a história de vida da civilização americana a partir do século 19. Daí em diante nada mais justo do que fazer uma grande pesquisa ao passado e aos compositores de blues, é o que faço desde os 15 anos de idade e ainda não parei pois sempre terá o que descobrir, isso é o mais fascinante no blues.

2) Você deve ter um grande bluesman como ídolo. Em quem você se espelha?

Não é fácil citar só um artista de blues, pois cada um tem sua peculiaridade, seu estilo. O blues é repleto de sub-estilos: "Shuffle", "West-Coast", "Eletric-Blues", "Blues-Soul", "Surf-Blues", "Blues-Rock", "Boogie-Woogie", "Rock n Roll", "Blues-Jazz", "Latin-Blues", adoro todos esses estilos e tento agregar todos esses estilos à minha música. Meu estilo predileto é o Blues-Soul, curto muito a fase anos 60/70 do blues, Freddie King, Albert King, BB King e Bill Withers são meus favoritos. Mas tento escutar de tudo um pouco, quanto mais boas informações musicais, melhor para o músico. Como brasileiro também gosto muito de ritmos afro-latinos, esse é um forte diferencial no meu blues.

3) Sabemos que vida de músico é dureza. Você consegue viver só de blues?

Além de músico sou bacharel em Administração e tenho MBA em Marketing, Já trabalhei em grandes empresas e hoje coordeno uma cadeia de lojas, mas acredito que quem é bom no que faz consegue viver bem com o que for que seja. Penso que muitas vezes as pessoas não tem noção do que é tocar bem e realizar um trabalho realmente bom e profissional, aí acabam caindo nessa conversa de que música é dificil e não dá grana. A verdade é que voce tem que ser bom, estudar, pesquisar, se destacar e saber investir como em qualquer outra profissão. Lógico que trabalhar por conta própria e com arte não é fácil, mas já tive época que vivia só de blues sem muitos problemas. Hoje em dia as pessoas fazem dez coisas ao mesmo tempo, faz até bem pra musica voce ter outras fontes de renda, até pra poder investir mais na sua carreira musical.

4) Belo Horizonte tem uma cena relevante de blues? O que precisamos para difundi-la?

Sim, Belo Horizonte está cada vez mais inserida na cena do blues nacional. Em meados dos anos 90 existiam apenas uma meia dúzia de bandas em atividade. Na virada do século as bandas mais atuantes eram apenas a Nasty Blues e a Hot Spot. Nos dias de hoje eu já perdi a conta de quantas bandas surgiram e muitas outras que não são especificamente de blues mas que já conhecem a importância do blues para se tocar um bom rock, um bom jazz, um bom soul. Tenho muito orgulho de poder contribuir com essa evolução e divulgação do blues em Minas e de ser a primeira banda de blues de BH a ter um trabalho lançado em todo Brasil por uma gravadora, a Blues Time Records, a maior gravadora de blues do país.

Para difundir a cena blues de Minas precisamos de duas coisas: a profissionalização e o comprometimento dos artistas com um trabalho sério, um material consistente e cada vez melhor; e a sensibilidade de jornalistas como você, que dão a devida importância e o espaço na mídia, à essa que é uma das mais legítimas expressões de arte da humanidade, o blues.

5) A indústria fonográfica perdeu força devido ao boom da internet. Quais são os pontos negativos e positivos dessa nova forma de exposição?

A roda da economia está sempre em movimento e junto às novas tecnologias devemos estar sempre preparados para esse tipo de mudança. Não precisa ser um "expert" em marketing para saber que qualquer produto ou serviço tem seu começo, meio e fim. Penso que as gravadoras não estavam preparadas para essa virada de século, isso afetou as vendas e muitas quebraram com a troca de midia gratis via internet. Certamente, para as gravadoras não foi tão bom esse "boom", mas para a maioria de novos artistas e bandas independentes a facilidade de divulgação aumentou, isso já está mais que comprovado. Para os artistas de grandes gravadoras acho que não mudou muita coisa, porque a grana de vendagem de produtos eles quase não viam. O que vale mesmo estar em uma gravadora é a divulgação e a exposição na mídia. Acho meio forte dizer que a internet afetou a "indústria fonográfica", porque um dos maiores mercados do mundo continua sendo o de entretenimento. As gravadoras foram pressionadas a se reinventarem e colocar as aulas de marketing em prática, diversificar e assim recuperar o seu mercado. Isso faz bem para o mercado e sempre vai acontecer. E indiscutivelmente, para quem ainda quer ter um produto de qualidade, a melhor opção é comprar um produto original do artista.

6) Em um dos meus posts nesse blog comentei sobre a decaída do gênero no que diz respeito a comercialização do blues e o seu público, que já foi bem maior. Até BB King admitiu que as pessoas não querem mais saber de blues. O que você acha disso?

Sim, isso é mais que natural, tudo que é novidade tem um tempo de exposição maior, com o blues não foi diferente. O blues nasceu pra valer nos anos 20, partindo desse ponto de vista o blues passou por várias fases mas ainda está bem vivo e conseguiu atravessar o século 20 como um dos mais importantes ritmos em todo o mundo, tá bom ou quer mais? Ok, então vai mais um pouquinho...

Pense comigo, se não houvesse o blues o que seria de Jimi Hendrix, Janis Joplin, Beatles, Rolling Stones, Elvis Presley, Eric Clapton, Joss Stone, Amy Winehouse, John Mayer, Ben Harper entre tantos outros artistas populares? São artistas de várias épocas que tem o blues como base de sua musica, você ainda acha pouco comercial?

Pra mim, o que é diferente no blues é que não podemos considerá-lo apenas como um produto que se vende mais, numa determinada época ou em outra, mas sim a importância que ele tem na musica mundial e o legado que ele nos deixa tanto como arte, como experiência de vida. Ao mesmo tempo, não há musica mais comercial que o blues em todo o mundo. BB King realmente teve altos e baixos, isso é normal, o blues tradicional realmente ainda é visto com muito preconceito por pessoas desinformadas, e isso é uma bobagem. Mas pense comigo, o que seria de BB King e vários outros descendentes de escravos se não fosse o blues como forma de expressão e trabalho? BB King não pode reclamar, ele é simplesmente o Rei, quer mais que isso? Ele ainda lota todos os shows, aonde quer que seja.

O blues está mais vivo do que nunca, prova disso são os grandes festivais que lotam todas as edições tanto no exterior (ex. :Crossroads Guitar Festival), como no Brasil (ex.: Rio Das Ostras, Guaramiranga, Moinho Da Estação). Esse papo de blues não é comercial, blues não dá grana, blues é lento demais, isso já tá mais que ultrapassado, é papo de quem não conhece nada de blues.

Temos que enobrecer o blues cada vez mais, esse ritmo sim merece nosso reconhecimento, e não esse tanto de porcaria que a indústria e a mídia querem que a gente engula a força, fazendo um rebanho cada vez maior de pessoas limitadas culturalmente.

7) Na minha opinião, o último grande monstro do blues foi Stevie Ray Vaughan. Você concorda e se não, precisamos de uma grande bandeira do gênero?

Concordo em parte. Ele foi realmente um fenômeno na guitarra, mas se não existissem músicos como Muddy Waters, Robert Johnson, Willie Dixon, Albert Collins, Albert King, Freddie King, BB King, Buddy Guy ele não seria nada. O que tem de haver nas pessoas que estão interessadas no blues é uma maior pesquisa, uma pesquisa realmente histórica. O pessoal quer conhecer blues mas só consegue chegar no SRV, no Hendrix. Blues não é só isso, blues é muito mais que só Blues-Rock ou que Rock N Roll, ou que licks de guitarra super rápidos. SRV imitava Jimi Hendrix, que plagiava os trejeitos de Buddy Guy, que foi influenciado diretamente por Muddy Waters e Howlin' Wolf, que aprendeu e excursionou com Robert Johnson. O blues está sempre se reinventando, isso é o que faz dele um ritmo muito interessante de se aprender e de se estudar. Bandeira do gênero...acho isso bobagem, precisamos de mais pessoas interessadas em aprender essa arte, mas aprender direito, não só sair imitando o SRV e achar que é o melhor do mundo por isso.

8) Como foi a produção do disco Feeling Alright, no que diz respeito ao norte musical e dificuldades para concluí-lo? Dá para perceber que o Hot Spot e o Gustavo tocam as faixas com malícia que só o blues tem e com boa qualidade técnica e sonora.Queria que vc falasse sobre os covers do disco também.

O album Feeling Alright contem apenas releituras, das quais pincelamos as melhores musicas que tocamos no show. Foi um álbum muito bacana de se fazer pois tocamos o que realmente gostamos, um blues com bastante suingue e com uma pegada bem ao nosso estilo. Nesse álbum há musicas de Bill Withers, Muddy Waters, Howlin Wolf, JJ Cale entre outros compositores importantes do cenário blues mundial. Meu próximo álbum, com previsão de lançamento para o segundo semestre de 2011, terá 10 musicas inéditas de minha autoria. Aguarde e confira!

9) Que dica você daria para quem quer montar uma banda de blues e seguir essa carreira?

Estudar, pesquisar, divulgar, conhecer ao máximo através de livros, filmes, cds, enciclopédias, internet, todo o universo do blues. Ter persistência e não ter preconceito.

Para conhecer mais:
http://hotspotgus.blogspot.com/
www.myspace.com/hotspotbluesband

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Programa Delta Blues ( Stevie Ray Vaughan) programa da Rádio Elofm

http://www.elofm.com.br/


O sopro de Sony Boy Williamson

Delta Blues Sony Boy Williamson.

Chegou o momento de falar sobre um homem que fez fama assoprando um instrumento musical bastante peculiar. Bom, o homem negro, magrela e alto de quem eu estou falando é a lenda da harmônica, Sony Boy Williamson. O primeiro Sony Boy do blues. Primeiro, porque existiram dois. Esse nasceu em 1897 em Glendora no Mississipi. Como no velho Oste, este homem andava armado com o cinto envolto no tórax. A diferença que a arma de Sony eram suas gaitas e a munição era o blues do delta. Ele começou a aparecer tocando em uma rádio de Helena no Arkansas. O programa se chamava Sonny Boys Corn Meal and King Biscuit Show. A atração ficou no ar durante 24 anos e tocava na hora do almoço.

Depois desse tempo todo, o espírito de cair na estrada tomou o nosso garoto do Mississipi. Viajou por vários lugares a fim de tocar sua harmônica. Parou na gravadora Trumpet para fazer algumas sessões de gravação. Esses foram os primeiros registros sonoros de Williamnson, que já estava com 54 anos. Não tardou e em 55 foi para na maior gravadora de blues na época, a famigerada Chess. Lá, pôde gravar o sucesso, Eyesight to the Blind e Have you ever been in Love. Suas letras apresentavam uma poesia cheia de alegorias sexuais. Como falar de uma mulher que tinha quadris hidráulicos e um ventre de ar condicionado.  Uma mulher que quando amava fazia os mortos se levantarem, os surdos ouvirem e os mudos falarem.
O uso da gaita, o fez mestre no instrumento. Espremia as notas e tocava com gaitas cruzadas. Por exemplo, usava uma gaita em lá para uma música em Mi.

Em 63 passou pela Gran Bretanha e tocou com The Animals e Yardbirds. Voltou para Helena em 64 e continuou com seu velho programa de rádio. Outra coisa que manteve foi a simplicidade. O que fazia nesse tempo era beber e tocar em bares para se divertir.

Um músico com quem Sony tocava alegou que durante as sessões, o gaitista cuspia em uma jarra e que no final da noite, ela estava cheia de sangue. Em um certo, dia 25 de maio de 65, Boy foi encontrado morto em sua cama logo pela manhã. O que ficou foi o legado do instrumento de sopro que Sony deixou para os amantes do blues.

Quem quiser sentir o poder da mulher que fazia os surdos ouvirem e os mudos falarem e só conferir.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Resenha Crítica do álbum "Clapton".

Clapton revisado e melhor

Quando Eric lançou o álbum "Clapton" em setembro desse ano, muitos fãs pensaram,"mas ele ainda faz música?" O próprio músico diminuiu o ritmo de trabalho. Não faz mais turnês mundiais e nem compõe no mesmo volume de antes. Lembrando que seu último álbum de inéditas foi Back Home, de 2005. Clapton diz na sua autobiografia não aguentar mais viagens longas e dormir em quartos de hotel. Outro fator é a família que o artista construiu e não pretende ficar distante dela.

Mesmo que ele seja um gênio da música e um dos principais guitar heroes de uma ,e que de um ícone desses não se pode duvidar, ninguém colocava mais fé em um trabalho consistente de um “aposentado”. Aos 65 anos, Eric lança um disco surpreendente. Dos álbuns de estúdio, provavelmente é um dos melhores. Chegou perto de Layla and Assorted Love Songs, de 70. É tão bom quanto Jorney Man, de 83 e tão clássico quanto From the Cradle de 94.

O próprio Clapton sabe bem qual é sua fonte principal de inspiração: o blues. Mesmo que seus álbuns não fossem tão levados ao tradicionalismo do gênero, a sua concepção passava por Mississipi e o Delta lamacento. Eric experimentou muito, como o álbum August de 86 e Pilgrim de 98. Ambos eletrônicos demais. Parecia que o musico tinha perdido o fio da meada. O disco desse ano é mais próximo do blues e o último disco que lançou do gênero foi em 2004, com o álbum de homenagem a Robert Johnson, Me and Mr Johnson.  As faixas vão de blues tradicional até pisarem no jazz mais arcaico, que em algum momento na história convergiu junto ao blues. A qualidade sonora é de primeira, excelente áudio. É possível ouvir com clareza todos os instrumentos, cuidadosamente equilibrados, diga-se de passagem. O trabalho vocal de Clapton é como sempre foi, sólido e impactante. Tudo graças a voz de barítono do musico em questão.

A idade e o período sem gravar foi importantíssimo para o incrível Slowhand. O seus álbuns de inéditas haviam se tornado irregulares e sem a identidade do músico. As canções eram distante demais uma das outras. Reptile de 2001 e Back Home de 2005 são grandes exemplos. O álbum Clapton serve de incentivo para o próprio músico seguir compondo e ter certeza de que ainda tem lenha para queimar, acabando com a história de que está aposentado. Gênios como BB King, 84 anos, Buddy Guy, 75 anos, Chucky Berry 93 , continuam na ativa. Por que Eric Clapton, que um dia foi chamado de deus, não pode? Ele volta ao trabalho com qualidade, presenteia os fãs e volta para a mídia. Essa última, já chegou a duvidar de Clapton. Em matéria do Hoje em Dia, do mês de Novembro de 2010, o jornal tratava da vinda de Jeff Beck para o Brasil. Nela, o periódico se referia a Jeff como o último guitarrista de uma linhagem fantástica de instrumentistas. Dizendo que Clapton estava aposentado e os outros, como Duane Allman, mortos. No mínimo desinformação. Como chamar alguém de aposentado sendo que no mês anterior o aposentado lançara um disco?

Especificamente falando do disco, as faixas são absolutamente competentes. Traveling Alone é um blues denso, mas moderno. Seu ritmo se matem constante e pesado. A linha de bateria é fantástica, com frases rápidas e avançadas para se unir ao blues. Rivers Runs Deep é um bluesrock colorido por slide guitar e uma atmosfera de teclado que constrói muita textura para a música. Jugdment Day, Crazy about You,e Rolling and Tumbling são blues tradicionais e conferem ao disco a maldade e malícia de Eric Clapton. Milkman, How Deep is the Ocean e When somebody Thinks you are Wonderful são alimentadas pelo jazz, graças as composição harmônica. Sem dúvida agregam ao disco carga emocional, já que falam sobre o amor.
Resumindo, o álbum Clapton reúne o que o músico aprendeu de melhor na sua carreira. As canções são coesas e é possível perceber um disco trabalhado para ser um álbum sólido. Não são canções simplesmente jogadas em uma mídia e depois vendidas. Os fãs ficarão satisfeitos com o mais um feito de Eric Clapton, o eterno Slowhand de Ripley.