domingo, 17 de outubro de 2010

The Sky is Rocking

Um timbre de guitarra que parecia um trovão. Uma voz rouca que emanava toda a presença de um homem. Aliás, chamar SRV de homem é diminuí-lo. Um monstro sagrado como Stevie não poderia ficar de fora desse blog.

Stevie nasceu em Dallas Texas, no dia 3 de outubro de 1954. O bluesman branco foi na década de 80 o salvador do gênero que estava a muito tempo em decadência. Não sofria renovação e perdia espaço comercial. O seu jeito de tocar tinha muito de Hendrix e Albert King. Era virtuoso e intenso. Usava uma Fender Stratocaster e encordoamento 013, o que é demais para qualquer guitarrista. Vaughan começou tocando baixo na banda de seu irmão, também bluesman, Jimmi Vaughan.

No final dos anos 70 assumiu a guitarra e ai o mundo não seria mais o mesmo. Em 83 lançou seu primeiro álbum, Texas Flood e alcançou o sucesso nas paradas com Pride and Joy. Depois disso, lançou mais quatro álbuns de estúdio: Couldnt Stand the Weather,Soul to Soul,In Step e por último, junto com seu irmão, Family Style.

A sua capacidade musical fez o antigos dinossauros do blues curvarem-se diante de seu talento assustador. Nomes como BB King, Eric Clapton e John Lee Hooker não poupavam elogios. Ray Vaughan morreu dia 27 de agosto de 1990 após a queda de um helicóptero durante uma turnê que contava com Eric Clapton, Buddy Guy e Robert Cray. Depois dele, o blues não encontrou ninguém tão talentoso que fizesse os novos ouvir o gênero e o velhos monstros sagrados admirarem.Ele foi o desfibrilador do Blues.

O mundo sem dúvida ficou mais triste e sem graça depois que ele se foi. As iniciais SRV estão cravadas na história do blues. Provavelmente nesse momento, Stevie está fazendo uma jam com Jimmi Hendrix no céu da música. E que jam!

Simplesmente Charley

O último post foi dedicado a um mestre do delta, aliás um dos mais famosos bluesman do delta. Mas temos que perceber que não é só Robert Johnson que dava as cartas por aqueles lados. Esse de quem eu vou falar também foi influente e fazia a lama do Mississipi ferver quando tocava.

Até hoje não se sabe o ano de nascimento de Charley Patton, a data pode ser 1° de maio 1891 ou 1 de maio de 1900. E se está imaginando um bluesman negro se enganou. O homem de quem eu estou falando era parecido com um latino, muitos diziam mexicano, outros cherokee.

Patton não fugia do estereótipo do bluesman do inicio do sec XX. Era pobre e trabalhava junto com a família em fazendas. Aprendeu a tocar tarde, já aos 19 anos. Apesar disso, começou a se apresentar nas fazendas do Mississipi e em Jook Joints, os bares clandestinos que ficavam à margem dos rios. Seu estilo era completamente inovador e maluco.

Lembra daquelas cenas de Jimmi Hedrix tocando ajoelhado e com a guitarra atrás da cabeça? Sim meus caros, Charley Patton fazia tudo isso com um violão. Diz à lenda que a potente voz de Charley poderia ser ouvida a 450 metros sem amplificador. Como astro é astro, o nosso aqui também aprontava das suas. 

Adorava whiskey e cigarros e tinha como hábito bater em mulheres. Todas as suas oito amantes para falar a verdade. Fora as brigas que costumava arrumar pela cidade. Em 1933, finalmente se fixou em Holly Ridge Mississipi com sua mulher Bertha Lee. Mesmo casado Charley, não perdia o hábito de espancar mulheres, mas dessa vez Bertha também gostava de confusão. Em uma briga, o bluesman chegou a sofrer um corte no pescoço, o que eu atrapalhou sua voz.

Morreu em 1934 acometido por problemas no coração. Muitos apontam Patton como o pai do blues do delta e músicos como John Lee Hooker e Howlin Wolf aprenderam a tocar com ele. Se esse homem não tivesse nascido, talvez nem esse blog existisse.